sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Definição

Ela possuí diversos nomes como vigorexia, síndrome de adônis, overtraining, transtorno dismórfico muscular...mas quer dizer a mesma coisa: Distúrbio por exesso de exercícios, sem a recuperação necessária e falta de uma dieta correta e de esquematização e planejamento de treino, causando diversos sintomas.

“O overtraining pode ser também definido como sendo a condição na qual as pessoas apresentam baixo nível de desempenho, apesar do treinamento continuado ou até mesmo aumentado.” [1]

[1] Maughan, Gleeson e Greenhaff, 2000

Teoria da supercompensação

A vigorexia pode muitas vezes se desenvolver pela má aplicação de um método de treinamento muito comum, a supercompensação, que se baseia na teoria de ganho de músculos durante o descanço. Entretanto não é dado, propositalmente, todo o descanço necessário, pois ele é planejado para te-lho antes de um evento, como uma competição, para ter uma supercompensação (figura1) .

Entretanto esse método é muito desgastante e pode desenvolver no atleta um “overreaching“ que são microtraumas, mas é facilmente recuperado.

Porém se esse método de supercompensação para ganhar uma melhor performance não acontece como planejado é conduzido à uma vigorexia. Ou seja “overreaching“ seria como uma etapa antecescora da vigorexia.

Conseqüencias

Conseqüencias primárias
São elas: (Figura 1)


Além de todas essas mudanças, o período menstrual de mulheres fica irregular, ou pode até se extinguir, impossibilitando a geração de filhos. O que é muito comum em ginastas.

Conseqüencias secundárias
Vigorexia é facilmente comparado com anorexia. Enquanto pessoas anoréxicas sempre tem a impressão de estarem gordas, pessoas vigorexicas tem a impressão de estarem fracas ao se olharem, denominado “Transtorno Dismórfico Corporal”, e pode se transformar em um “Transtorno Obsessivo-Compulsivo” (TOC), ou seja, tem uma obseção, um fanatismo por ficarem mais fortes, ficando doentis.

Conseqüencias terciárias
Com esse “Transtorno Obsessivo-Compulsivo“ (TOC), “Transtorno Dismórfico Corporal” e o atleta não vendo melhoras em seu desempenho e ganho de massa muscular ele acaba optando por esteróides anabolizantes para ganhar mais massa muscular, que provoca inclusive câncer e derrame cerebral, entre os 69 sintomas já registrados pelo uso dessas drogas.

Percentual

A freqüencia do overtraining foi pesquisada e publicada com percentuais em diferentes áreas de atuação esportiva. Veja:


Como você pode observar, a síndrome de Adônis não é tão incomum quando suposto. Em todas as áreas do esporte o overtraining está lá, camuflado ou não. Nos corredores é onde é mais freqüentemente encontrado, pela exposição a grandes esforços e levando o corpo além do limite com a intenção da melhor performance possível, porém às vezes executado do modo errado, acaba justamente tendo o resultado oposto.

Prevenção

Aqui estão 12 dicas de como se prevenir. Veja:
1) “Aumentar a carga de treinamento progressivamente;
2) Diminuir radicalmente o treino na semana de competição;
3) Escolher de um ou dois dias por semana dedicado ao descanso;
4) Nunca treinar forte dois dias seguidos;
5) Destinar de 15 a 30 dias de descanso total para uma total recuperação física e psicológica, antes de iniciar um novo ciclo de treinamento, no período transitório do macrociclo [6] de treinamento;
6) Não exagerar nos treinos, evitando ultrapassar suas capacidades físicas;” [1]
7) “Manter a frequência ideal de batimentos cardíacos segundo a idade, o peso e o condicionamento;
8) Variar o tipo de exercício, intercalando aeróbios e anaeróbios;
9) Manter a alimentação equilibrada e evitar dietas radicais;” [2]
10) “Intercalar grupos musculares durante a semana. No entanto, coração, pulmão e todo o organismo trabalham sem descanso.
11) Monitorar e anotar a freqüência cardíaca de repouso e comparar se há um aumento.” [3]12) Fazer uma planília de planejamento de treinamento.

[1] Professor Luis Tavares
[2] Allan José Silva da Costa
[3] Julliane Silveira
[4] Definição de macrociclo: Um ciclo constituído respectivamente por 50% período preparatório, 25% período pré-competitivo, 15% período competitivo, 10% período transitório, com objetivo de organização de treinamento e melhor performance.

Recuperação

Aqui temos algumas dicas de, se você estiver com síndrome de Adônis, como pode se tratar.
1) “Procurar um tratamento psicológico, pelo overtraining ser muito ligado à parte psicológica.
2) Suspender os treinos.
3) Fazer uma avaliação ortopédica, para ver os danos musculares obtidos." [1]

[1] Silvia Carla dos Anjos Silva

Casos verídicos

Maratona de Curitiba
“Iniciei os trabalhos no nosso treinamento a distância com o casal Analberto e Luciana Souza de Belo Horizonte um mes antes da maratona de Curitiba. Nunca haviam feito nem meias maratonas, iriam correr a Volta da Pampulha onde também não tinham muito preparo para essa prova. Diziam-me que conseguiriam pois a cidade é bonita, o passeio já estava montado, nem que fosse para fazer no tempo máximo de 6 horas.

Fizeram a Volta da Pampulha com um tempo relativamente bom (1h37min.) Nos percursos longos a partir dos 24 km ficava muito difícil, as dores musculares apareciam, aí se arrastavam até chegar 28 ou 30 km. Então, estudando as suas condições, calculei um ritmo confortável para chegar no máximo até os 20 km, intercalando com alguns alongamentos em dupla e foi o que ocorreu. A partir desse momento fizemos uma projeção entre caminhadas e corridas. Eles terminaram a maratona com 4:50:07, descançados e antes de dois corredores da nossa equipe, que inclusive correm demais pela própria "teimosia", pelo que vi em Curitiba, também chegaram na frente de muitos conhecidos de maratonas!!” [1]

No parque
“Todo mundo gosta de mostrar para as pessoas que corre num estilo bonito, que consegue correr mais forte, etc.
Isso acontece quando treinamos em lugares muito freqüentados, como nos parques. O sujeito sai para fazer a corrida dele, logo no começo do treino, ele indo e uma linda menina vindo, ele só para aparecer para ela aumenta o ritmo, estufa o peito, quer dizer, sai totalmente do estilo de corrida dele. O esforço está grande, o ritmo está extremamente forte, mas não perdendo a pose; porém quando a menina some de vista, ele volta ao velho estilo pesadão, ritmo fraco etc... Logo em seguida passa um outro atleta num ritmo mais forte, e ele tenta acompanhar e assim vai, o treino todo; um aumento e diminuição de ritmo. Isso o tempo todo, todo dia, ocasionando uma lesão, ou um overtraining. E isso acontece em todos lugares movimentados. Por isso, que a maioria dos técnicos fazem com que os atletas treinem em lugares sem muito movimento, podendo se concentrar no que está fazendo.” [2]

[1] Professor Luis Antônio Sturian
[2] Nilson Duarte Monteiro